Desaparecimento
e Lenda
Em 4 de
agosto de 1578, ocorreu a batalha de
Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, onde os portugueses sofreram
uma derrota às mãos do sultão Abd al-Malik
(Mulei Moluco), na qual perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a D. Sebastião, morreu na
batalha ou foi morto depois desta terminar. Conta-se que, ao ser aconselhado a
render-se, e a entregar a sua espada aos vencedores, o rei se tenha recusado
com altivez, dizendo: "A liberdade real só há de perder-se com a vida." Foram as suas últimas palavras, e é-nos
dito que ao ouvi-las, "os cavaleiros arremeteram contra os infieis; D.
Sebastião seguiu-os e desapareceu aos olhos de todos envolto na multidão, deixando
... a posteridade duvidosa acerca do seu verdadeiro fim." Há quem defenda, por outro lado, que o
seu corpo terá sido enterrado logo em Ceuta, "com toda a
solemnidade".Mas para o povo português de então, o
rei havia apenas desaparecido. Este desastre teria as piores consequências para
o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes
ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.
Em 1582,
Filipe I de Portugal
mandou trasladar para o Mosteiro dos Jerónimos,
em Lisboa, um corpo que se alegava ser o do rei desaparecido, na esperança de
acabar com o sebastianismo, o
que não resultou, nem se pôde comprovar ser o corpo realmente o de Sebastião I.
O Túmulo de Mármore, que repousa sobre dois elefantes,
pode ainda hoje ser observado em Lisboa.
Tornou-se então numa lenda
do grande patriota português – o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal
nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à que o Rei Artur tem em Inglaterra ou Frederico Barbarossa
na Alemanha.
Durante o subsequente domínio
espanhol (1580-1640) da coroa portuguesa, quatro pretendentes afirmaram ser o
rei D. Sebastião, tendo o último deles – o calabrês Marco Tulio Catizone – sido
enforcado em 1603.
Já em fins do século XIX, no sertão da Bahia,
no Brasil, camponeses sebastianistas acreditavam que o rei iria
regressar para os ajudar na luta contra a "república ateia
brasileira", durante a chamada Guerra de Canudos. O mesmo se repetiu no sul do
Brasil, no episódio da Guerra do Contestado.
Teorias e
dados sobre o desaparecimento[editar | editar código-fonte]
Dentre incontáveis
especulações e investigações de vários autores, a historiadora Maria Luísa
Martins da Cunha defende, em dezembro de 2011, no terceiro volume do livro
‘Grandes Enigmas da História de Portugal', que o rei D. Sebastião sobreviveu à batalha de
Alcácer-Quibir e reapareceu no ano de 1598 em Itália, onde foi mais tarde preso
em Veneza, Florença e Nápoles, com a cumplicidade dos espanhóis.
Segundo a mesma historiadora, o corpo do rei encontra-se sepultado na capela de São
Sebastião, no Convento dos Agostinhos de Limoges.[12]
Na verdade, já o historiador Faria e Sousa
reportara testemunhos, como o de D. Luís de Brito, que afirmavam ter visto no
final da batalha o rei à distância sem ser perseguido. Brito encontrou-o
posteriormente, em direção ao rio, e segundo o historiador esta foi a última
vez que ele foi visto vivo.
O documento "Relação
da Batalha de Alcácer que mandou um cativo ao Dr. Paulo Afonso", termina informando que o Rei se
retirou, e que a batalha terminou sem nenhum lado declarar vitória:
Neste tempo vendo El Rei que
estava na vanguarda o seu campo desbaratado, se veio recolhendo pela banda do
Duque de Aveiro, e o seguiu alguma gente de cavalo e a pé, cuidando que ia
fazendo uma ponta para volver sobre os mouros, viu o campo já tão desbaratado
que se retirou. Durou a batalha quatro horas sem se declarar a vitória.
Prisioneiro
de Veneza[editar | editar
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O caso do estranho em Veneza,
mencionado acima, que vinte anos depois aparecera declarando-se Sebastião, rei
de Portugal, é o de maior interesse. Ele chegou a ser aceite pelos portugueses
da cidade como seu senhor soberano, por se parecer tão perfeitamente com
Sebastião. João de Castro, neto do homónimo vice-rei da Índia e filho do diretor de
finanças no reinado de D. Sebastião, defendeu e apoiou este estranho de Veneza,
anunciando ao mundo que o rei não morrera, no seu Discurso da vida do sempre
bem-vindo e aparecido Dom Sebastião, publicado em 1598; enquanto Sebastião
Figueira, uma das várias testemunhas que atestaram terem visto D. Sebastião
sair vivo da batalha – afirmando mesmo ter saído dela com o rei – também diz
tê-lo reconhecido em Veneza. O Papa Clemente VIII
mandara, por conselho de cardeais em conclave, que o pretendido rei aparecesse
em Roma, onde a sua pretensão seria examinada. Chegando-se em conclave à
conclusão, após cuidadas investigações, que era ele o verdadeiro
D. Sebastião, escreve o Papa a Filipe III de Espanha,
o então senhor da coroa e do Reino de Portugal, exigindo a devolução do dito
Reyno ao Rey D. Sebastião, "sob pena de excommunhão mayor".Filipe responde acusando o pretendente
"impostor" de vários crimes e, por intermédio do seu embaixador em
Veneza, manda-o prender. Foi formado um comité de nobres, que o examinaram 28
vezes, mas ele conseguiu ilibar-se de todas as acusações. O pretendente mostrou marcas naturais
no seu corpo, que muitos se lembravam serem de D.
Sebastião, e revelou segredos de conversas entre embaixadores de Veneza
no palácio de Lisboa, o que deixou atónitos os examinadores, e facilitou a sua
libertação – sob a condição de ter que abandonar aqueles domínios em três dias.
Na sua fuga caiu nas mãos dos Espanhóis, que em Nápoles o maltrataram,
humilharam em público, e o embarcaram como escravo. Defendiam os espanhóis, que
aquele sofredor era um mágico, mas tal justificação foi vista como um
reconhecimento tácito da verdade das suas pretensões.
Títulos,
estilos, e honrarias[editar | editar
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- "
O estilo oficial de D.
Sebastião enquanto Rei de Portugal era: "Pela Graça de Deus, Sebastião I,
Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné
e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia,
etc."
Em 1689, John Dryden (poeta, dramaturgo e crítico inglês)
escreve a peça Don Sebastian,
King of Portugal,inspirado pela lenda segundo a qual D.
Sebastião sobreviveu à Batalha de
Alcácer-Quibir.
Retrato d'El Rei Dom Sebastião
por Alonso Sánchez Coello.
Em novembro de 2010 foi
encontrado na Áustria um retrato do rei,
dado como desaparecido há 400 anos. O quadro estava no Castelo
Schönberg, mas o protagonista era identificado como sendo um nobre
austríaco. A obra é da autoria de Alonso Sánchez Coello
e foi pintada na corte portuguesa em 1562.
Um outro retrato encontrado
recentemente na Itália,[20] de autor ainda não identificado,
mostra o soberano em idade adulta, com barba e bigode, numa representação de
busto a 3/4 envergando armadura de gala com gola de folhos. Da decoração da
armadura sobressai a Cruz de Cristo, de
que é visível o braço superior, com uma forma mal representada, o que nos leva
à conclusão da autoria por um pintor espanhol ou italiano, mais familiarizados
com este tipo de cruz do que com as formas rectas da Cruz de Cristo.
O retrato está carregado de
simbolismo, não apenas pela inclusão da Cruz de Cristo, como pela legenda que
encima o quadro "Sebastianus I Lusitanor R" (Sebastião I Rei
dos Portugueses), que remete para o início do mito de D. Sebastião.
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D. Sebastião I (1554 - 1578), décimo sexto rei de Portugal, herdou o trono em 1507, quando tinha apenas três anos de idade; Durante a sua menoridade a regência foi assegurada primeiro pela rainha Catarina da Áustria, sua avó, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, Cardeal Henrique de Évora. .Aos 14 anos, quando finalmente assumiu o trono, o jovem soberano tinha a saúde débil, o espírito fraco e a mente sonhadora, razão pela qual, ao invés de administrar o vasto império de que era senhor, formulava planos para batalhas imaginárias e conquistas retumbantes, além de projetos visando a expansão da fé católica, profundamente convencido de que seria ele o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do norte de África. Por isso começou a preparar-se para a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez.
Por achar que aquela idéia era uma loucura, seu tio Filipe II, rei da Espanha, esquivou-se de acompanhá-lo, e por isso o exército português partiu sem reforços, desembarcando em Marrocos no ano de 1578. Uma vez lá, o rei ignorou os conselhos dados por seus generais e decidiu avançar imediatamente para o interior, em busca do inimigo. Na batalha que se seguiu, a de Alcácer-Quibir, os portugueses foram derrotados humilhantemente pelas forças do sultão Ahmed Mohammed, e perderam uma boa parte do seu exército.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
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Dom Sebastião desapareceu em 1578, aos 24 anos de
idade, quando se lançou com seus soldados em uma temerária aventura guerreira
no Marrocos, na esperança de converter os mouros em cristãos. Ele desapareceu
na famosa batalha de Alcácer Quibir, durante a qual o exército português quase
foi dizimado pelas forças inimigas, e como o seu corpo jamais foi encontrado,
muitas lendas foram então criadas pelos crédulos e otimistas, todas alimentando
o sonho de que um dia ele retornaria à sua terra para libertá-la do domínio
espanhol, restaurando dessa forma o império português.
Uma dessas histórias sustenta que o soberano
costuma aparecer nas noites de lua cheia em uma das praias da ilha dos Lençóis,
que por sua vez está localizada no arquipélago de Maiaú, litoral do município
de Cururupu, lado ocidental da cidade de São Luís, Brasil . A mesma versão
garante, ainda, que a Ilha dos Lençóis é encantada, e que se tornou morada do
rei português porque os montes de areia nela formados pelo vento, se assemelham
aos existentes no campo de Alcácer Quibir, onde dom Sebastião desapareceu.
D. Sebastião I (1554 - 1578), décimo sexto rei de Portugal, herdou o trono em 1507, quando tinha apenas três anos de idade; Durante a sua menoridade a regência foi assegurada primeiro pela rainha Catarina da Áustria, sua avó, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, Cardeal Henrique de Évora. .Aos 14 anos, quando finalmente assumiu o trono, o jovem soberano tinha a saúde débil, o espírito fraco e a mente sonhadora, razão pela qual, ao invés de administrar o vasto império de que era senhor, formulava planos para batalhas imaginárias e conquistas retumbantes, além de projetos visando a expansão da fé católica, profundamente convencido de que seria ele o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do norte de África. Por isso começou a preparar-se para a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez.
Por achar que aquela idéia era uma loucura, seu tio Filipe II, rei da Espanha, esquivou-se de acompanhá-lo, e por isso o exército português partiu sem reforços, desembarcando em Marrocos no ano de 1578. Uma vez lá, o rei ignorou os conselhos dados por seus generais e decidiu avançar imediatamente para o interior, em busca do inimigo. Na batalha que se seguiu, a de Alcácer-Quibir, os portugueses foram derrotados humilhantemente pelas forças do sultão Ahmed Mohammed, e perderam uma boa parte do seu exército.
Este
texto também foi publicado em www.efecade.com.br, site do próprio autor.
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FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
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